Quando conheci o Hercules Gomes, imediatamente percebi que estava diante de um pianista com um estilo único, como talvez nunca tenha existido no Brasil. Seu som me fazia lembrar o dos grandes “pianeiros” do passado, como Ernesto Nazareth, Tia Amélia, Maestro Gaó, Nonô, Carolina Cardoso de Menezes, e mais recentemente Laércio de Freitas. E seus dedos esticados sempre me lembraram os de Vladimir Horowitz, somando-se uma técnica de pulso solto, que depois compreendi vir de seus anos de estudo com Silvio Baroni, discípulo de Pietro Maranca.
Diferentemente do que estamos acostumados a entender por “piano popular” nos últimos 70 anos, Hercules utiliza um outro jeito de se tocar, trabalhando bastante a mão esquerda, com saltos, acordes, sextas, linhas do baixo, enquanto a mão direita, ao desenhar as complexas melodias do choro, se esbalda nos contratempos da música, trazendo uma imensa riqueza rítmica, e transformando o piano numa verdadeira orquestra de baile. Era exatamente assim que os “pianeiros” tocavam no início do século, com imenso virtuosismo e criatividade. Se inicialmente este termo era utilizado para designar aqueles que tocavam de ouvido, sem a técnica dos conservatórios, depois percebeu-se que eles eram mestres absolutos em seu instrumento, e com os quais havia muito a se aprender.
E Amélia Brandão Nery (1897-1983) foi a grande estrela deste universo pianístico brasileiro. Nascida em Jaboatão (PE), tocava de ouvido desde os quatro anos, vindo a compor sua primeira música aos 12. Aos 25, passou a dedicar-se à música profissionalmente, e nesta época conheceu Ernesto Nazareth no Rio de Janeiro, que, ao ouvi-la tocar, ficou encantado e falou “quando eu morrer, você continue no choro, não deixe o choro morrer”, frase que ela conservou sempre em sua vida. Curiosamente, resolveu encerrar sua carreira por volta de 1939, porém, quase 20 anos depois, reinventou-se como “Tia Amélia”, apresentando-se com grande sucesso em rádios e na televisão. Seu programa “Velhas estampas” na TV Rio marcou época, e ainda hoje há pessoas que se lembram daquela senhora tocando valsas e choros sempre com um sorriso no rosto. Os baixos que Tia Amélia fazia com sua mão esquerda são um capítulo à parte, em que ela imita um violão 7 cordas em moto perpetuo, o que traz grandes dificuldades técnicas para a música. Talvez não por acaso, o grande crítico de música Eurico Nogueira França, quando a ouviu em um sarau na casa de Jacob do Bandolim, enxergou na pianista uma “predileção por Liszt”. Seu legado tem sido apreciado por colecionadores e pesquisadores – foram mais de 60 faixas gravadas por ela ao longo de 30 anos, em discos 78-RPMs e LPs – porém agora, finalmente, temos uma releitura moderna de suas obras neste precioso disco contendo suas músicas no piano solo, mas também no formato piano + regional e piano + banda, em arranjos primorosos de Hercules Gomes, Henrique Araujo e Proveta. É um disco que já nasceu um clássico da música brasileira, bravíssimo!
(Alexandre Dias, diretor do Instituto Piano Brasileiro - IPB)

Hercules Gomes - piano

Participações:
Faixas 5 a 9: Henrique Araújo (cavaquinho), Gian Correa (violão 7 cordas), Rafael Toledo (pandeiro, adufe) e Alfredo Castro (percussão)
Faixa 10: Rodrigo Y Castro (flauta)
Faixas 11 a 13: Rodrigo Y Castro (flauta), Nailor Proveta (clarineta e arranjos), Natan Oliveira (trompete), Phillips Thor (eufônio), Eliezes Tristão (tuba) e Douglas Alonso (bateria)
Participação especial: Izaías Bueno (bandolim) no tema "Seresteiro".

Formato: CD (livreto de 20 páginas)
Lançamento: 2019
Selo: Sesc
Cód. barras: 7898444701972

Músicas:
1- Saracoteando
2- Cheio de truques
3- Paulistano
4- Meu poeta
5- Jaboatão
6- Bordões ao luar
7- Cuíca no choro
8- Seresteiro
9- Chuvisco
10- Gratidão
11- Chora Coração
12- Sorriso de Bruno
13- Dois namorados
14- Saudades suas

CD Hercules Gomes - Tia Amélia Para Sempre

R$29,00
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Quando conheci o Hercules Gomes, imediatamente percebi que estava diante de um pianista com um estilo único, como talvez nunca tenha existido no Brasil. Seu som me fazia lembrar o dos grandes “pianeiros” do passado, como Ernesto Nazareth, Tia Amélia, Maestro Gaó, Nonô, Carolina Cardoso de Menezes, e mais recentemente Laércio de Freitas. E seus dedos esticados sempre me lembraram os de Vladimir Horowitz, somando-se uma técnica de pulso solto, que depois compreendi vir de seus anos de estudo com Silvio Baroni, discípulo de Pietro Maranca.
Diferentemente do que estamos acostumados a entender por “piano popular” nos últimos 70 anos, Hercules utiliza um outro jeito de se tocar, trabalhando bastante a mão esquerda, com saltos, acordes, sextas, linhas do baixo, enquanto a mão direita, ao desenhar as complexas melodias do choro, se esbalda nos contratempos da música, trazendo uma imensa riqueza rítmica, e transformando o piano numa verdadeira orquestra de baile. Era exatamente assim que os “pianeiros” tocavam no início do século, com imenso virtuosismo e criatividade. Se inicialmente este termo era utilizado para designar aqueles que tocavam de ouvido, sem a técnica dos conservatórios, depois percebeu-se que eles eram mestres absolutos em seu instrumento, e com os quais havia muito a se aprender.
E Amélia Brandão Nery (1897-1983) foi a grande estrela deste universo pianístico brasileiro. Nascida em Jaboatão (PE), tocava de ouvido desde os quatro anos, vindo a compor sua primeira música aos 12. Aos 25, passou a dedicar-se à música profissionalmente, e nesta época conheceu Ernesto Nazareth no Rio de Janeiro, que, ao ouvi-la tocar, ficou encantado e falou “quando eu morrer, você continue no choro, não deixe o choro morrer”, frase que ela conservou sempre em sua vida. Curiosamente, resolveu encerrar sua carreira por volta de 1939, porém, quase 20 anos depois, reinventou-se como “Tia Amélia”, apresentando-se com grande sucesso em rádios e na televisão. Seu programa “Velhas estampas” na TV Rio marcou época, e ainda hoje há pessoas que se lembram daquela senhora tocando valsas e choros sempre com um sorriso no rosto. Os baixos que Tia Amélia fazia com sua mão esquerda são um capítulo à parte, em que ela imita um violão 7 cordas em moto perpetuo, o que traz grandes dificuldades técnicas para a música. Talvez não por acaso, o grande crítico de música Eurico Nogueira França, quando a ouviu em um sarau na casa de Jacob do Bandolim, enxergou na pianista uma “predileção por Liszt”. Seu legado tem sido apreciado por colecionadores e pesquisadores – foram mais de 60 faixas gravadas por ela ao longo de 30 anos, em discos 78-RPMs e LPs – porém agora, finalmente, temos uma releitura moderna de suas obras neste precioso disco contendo suas músicas no piano solo, mas também no formato piano + regional e piano + banda, em arranjos primorosos de Hercules Gomes, Henrique Araujo e Proveta. É um disco que já nasceu um clássico da música brasileira, bravíssimo!
(Alexandre Dias, diretor do Instituto Piano Brasileiro - IPB)

Hercules Gomes - piano

Participações:
Faixas 5 a 9: Henrique Araújo (cavaquinho), Gian Correa (violão 7 cordas), Rafael Toledo (pandeiro, adufe) e Alfredo Castro (percussão)
Faixa 10: Rodrigo Y Castro (flauta)
Faixas 11 a 13: Rodrigo Y Castro (flauta), Nailor Proveta (clarineta e arranjos), Natan Oliveira (trompete), Phillips Thor (eufônio), Eliezes Tristão (tuba) e Douglas Alonso (bateria)
Participação especial: Izaías Bueno (bandolim) no tema "Seresteiro".

Formato: CD (livreto de 20 páginas)
Lançamento: 2019
Selo: Sesc
Cód. barras: 7898444701972

Músicas:
1- Saracoteando
2- Cheio de truques
3- Paulistano
4- Meu poeta
5- Jaboatão
6- Bordões ao luar
7- Cuíca no choro
8- Seresteiro
9- Chuvisco
10- Gratidão
11- Chora Coração
12- Sorriso de Bruno
13- Dois namorados
14- Saudades suas